Teoria da aprendizagem social de Bandura

18-04-2024

O contexto social é o ponto central na vida humana. Visto que o ser humano aprende maioritariamente através da socialização, em que esta aprendizagem ocorre por:

  • Observação (ao vivo, por instrução verbal ou simbólica);
  • Modelagem;
  • Imitação.

Neste tema, iremos ver de que modo as interações sociais positivas e negativas pode concorrer para desenvolver uma aprendizagem humana holística, através dos comportamentos acima referidos.

Neste seguimento, a teoria formulada por Albert Bandura, psicólogo e escritor canadiano, que foi um dos grandes impulsionadores desta área da ciência que se encarrega da aprendizagem em função do meio em que estamos envolvidos, ou seja, para além de sermos produto da combinação de genes dos nossos antepassados nomeadamente dos nossos pais, também somos influenciados através da exposição/introdução de estímulos externos tais como: programas de televisão ou conteúdo online, entre outros, que definem o ambiente que nos rodeia.

Assim, este especialista iniciou a sua pesquisa com o impulso da obra "Aprendizagem Social e Imitação" de Miller e Dollard (1941) dado que nos seus ideais a teoria do condicionamento não explica de uma forma global a aquisição de certos comportamentos. 

Com esta justificação, o autor, desenvolveu um estudo que ficou conhecido como "Bobo Doll Experiment" em que consistiu na observação do comportamento de 72 crianças entre os 3 e os 7 anos, em que 24 foram sujeitos à observação de modelos masculinos e femininos a adotarem comportamentos agressivos sobre uma boneca, outros 24 foram sujeitos aos mesmos modelos mas sem existir qualquer comportamento agressivo e as restantes 24 não foram sujeitas a qualquer observação. De seguida foi utilizada uma provocação com as crianças em que lhes foi dito que os melhores brinquedos foram guardados para outras crianças e de seguida encaminhadas para uma sala com brinquedos "agressivos" e "não agressivos", e observou-se os seus comportamentos. Os resultados foram aqueles já esperados pelo psicólogo em que as crianças que tiveram contato com os modelos agressivos, foram as mais agressivas, as raparigas tenderam para a utilização de agressões físicas quando o seu modelo foi masculino, e agressões verbais quando o modelo foi feminino, e que os rapazes tendem mais a imitar o modelo do mesmo género do que as raparigas.

Tendo em conta os resultados obtidos, este destacou o facto de as pessoas aprenderem a realizar dadas «tarefas» sem terem a necessidade de elaborar nenhum comportamento específico ou de ter experienciado algo igual antes. Desta forma, a sua ideia primordial nesta suposição, é em certa medida, a capacidade que os indivíduos possuem em reter o comportamento de outras pessoas.

No entanto, este modelo está incompleto visto a observação não conter tudo o que é necessário para que uma conduta seja executada com sucesso. Com esta análise, será necessário realizar 4 passos no processo de modelagem para atingir aquilo que é pretendido e são eles:

  • Atenção;
  • Memória;
  • Reprodução;
  • Motivação

Todavia, quando Bandura formulou esta teoria, embora não tenha utilizado pessoas de faixas etárias mais avançadas, o psicólogo conseguiu provar que a aprendizagem social trata-se de um processo contínuo ao longo da vida visto estarmos em constante aprendizagens quando nos encontramos num ambiente social, ou seja, esta teoria considerar-se-á uma teoria desenvolvimental pela aprendizagem vitalícia ao longo da vida humana.

Bandura, então alicerçou-se nas investigações que fizera para elaborar a tese que sustenta aquilo que estamos aqui a estudar, ou seja, a aprendizagem dá-se através da observação e das recompensas que terceiros recebem por determinadas ações.

  • Recompensa ou punição passadas- fazemos alguma coisa caso recebamos algo em troca. Posteriormente, voltamos a repeti-la caso sejamos recompensados na mesma medida;
  • Reforço ou punição prometidos- elaboramos uma dada tarefa que nos tenha sido proposta no sentido de receber algo benéfico no futuro;
  • Reforço ou punição vicariantes- aprendemos através dum modelo que contemplamos e surtiu um efeito positivo.

Principalmente em idades mais novas, a observação e o reforço direto ou até vicariante, pode acarretar consequências negativas que levem à agressão ou atitudes agressivas por parte dos jovens, em que os exemplos provenientes dos media, como os videojogos, o ambiente em casa em que se os pais forem mais agressivos os jovens também o tendem a ser em que existe uma aprendizagem que o comportamento agressivo é a solução para os problemas em que depois se pode refletir em outros ambientes como na escola, tornando o ambiente escolar mais agressivo. Este fenómeno pode ter origem com os pais a utilizarem a violência no ambiente familiar, principalmente nas famílias com baixo nível socioeconómico, em que também pode depender de localidade para localidade havendo umas mais suscetíveis que outras, e também em turmas com um grande numero de alunos agressivos e problemáticos.

Contudo, as motivações negativas também levam as pessoas a não querer imitar um dado comportamento visto terem a possibilidade de terem determinados castigos (1. Castigo passado; 2. Castigo prometido, 3. Castigo vicariante). 

Em suma, o que Bandura expôs ensina-nos, que o meio em que nos envolvemos, permite debilitar ou potencializar o desenvolvimento das nossas habilidades, levando a que as pessoas tenham uma maior diversidade de aprendizagem desenvolvendo dessa forma ferramentas que são úteis para o nosso dia-a-dia, conseguidas através da qualidade das nossas interações sociais.

Referências bibliográficas:

Psicologia do Desenvolvimento - Faculdade de Desporto da Universidade do Porto
Gonçalo Araújo Amaral
Gonçalo Freitas Nunes de Almeida
Gonçalo Guedes Santos Silva
Ricardo Araújo da Silva 
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