A inteligência. O preditor do desenvolvimento humano?

18-03-2024

A inteligência tem sido um objeto de debate constante pois é um termo que poderá ser considerado amplo para toda a população. O seu conceito é variável de região para região, mas como é que terá surgido? E o caminho que enveredou? Este tema científico terá surgido em consonância com a evolução dos grandes primatas aos hominídeos, desta forma reveste-se dum interesse preponderante para um estudo mais afincado à cerca desta dado ser a «chave do tesouro» sobre o entendimento da vida humana.

Mas será que apenas os seres humanos possuem esta característica tanto ou quanto diferenciadora? Não. Segundo se sabe, o intelecto é composto por variadíssimas funções neurais correlacionadas e interligadas entre si, levando a operarem em conjunto.   

Assim, como outras espécies também são portadoras deste tipo de desenvolvimento, foi necessário criar barreiras delimitadoras para que os estudos fossem mais precisos. Deste modo, têm-se levantado a hipótese de que existe nos indivíduos uma «massa crítica» de neurónios dos quais são importantes para uma explosão evolucionária da inteligência.

Com este contributo científico, gerou-se algumas teses de relevo (teorias construídas essencialmente nos últimos 100 anos) que ajudaram para um desenvolvimento mais profundo desta ciência. Neste ponto de vista, destacam-se: 

  • Inteligência hereditária: esta conceção foi concebida pelo estatístico e cientista Francis Galton que alegou que a intelectualidade era passada duma forma geracional, ou seja, de pai para filho sendo ele um grande impulsionador para a criação da psicometria (área da psicologia que estuda a medição da inteligência). 

  • Teste de inteligência: como a teoria anteriormente explicitada sofria de algumas objeções o psicólogo francês Alfred Binet cria algo diferenciador e impulsionador nesta ciência, a criação dum teste de QI que desta consiga quantificar o grau de sapiência de um indivíduo. Como foi uma experiência inovadora tornou-se rapidamente num teste confiável para um estudo mais aprofundado à cerca deste ponto de interesse. No entanto, dado ter sido uma primeira versão desta ferramenta, Lewis Terman quis expandir a sua utilidade para alunos com necessidades especiais para observar o grau de «educabilidade» dos mais jovens.

  • Inteligência Contínua: David Weschler, psicólogo romeno, viu que o Teste de Standford-Binet suportava-se no pilar de que a inteligência era uma característica fixa e como estava em desacordo desenvolveu a ideia de que era uma habilidade em contínuo desenvolvimento ao longo da vida. Assim, criou duas escalas: a Weschler Adult Intelligence Scale (WAIS) e a Weschler Intelligence Scale for Children (WISC) de forma a superar as limitações dos testes anteriormente elaborados pois cingiam-se apenas a questões matemáticas e de vocabulário.

  • Inteligência geral: concebida pelo britânico Charles Spearman (defendeu o ideal duma análise fatorial nos testes de aptidão mental onde aqueles que tiveram um bom desempenho nesta prova conseguem ter um desempenho competente noutras áreas, enquanto os que possuem um desempenho abaixo das expectativas ocorre o contrário).

  • Inteligência triárquica: defendida por Robert Stenberg (indivíduo que definiu esta área como uma «atividade mental direcionada à adaptação proposital, seleção e modelagem de ambientes do mundo real relevantes para a vida de alguém.» tentando distanciar-se de Gardner na medida em que sugeriu aspetos mais amplos do que os talentos individuais desenvolvidos por este na sua teoria).
  • Inteligências múltiplas: Howard Gardner que pretendeu desmistificar a ideia de uma inteligência geral, visto que esta classificação tinha como única métrica de medida a inteligência proveniente do raciocínio matemático, o que deixava de parte um conjunto de qualidades como: uma grande mestria a pintar um quadro, uma boa técnica de arremesso de uma bola no basquetebol, ou até mesmo a arte de tocar um instrumento musical eram excluídas deste conceito de inteligência provocando uma segregação social entre os "inteligentes" e os "burros", que para Gardner a inteligência não podia ser ser quantificada visto não se tratar de algo material. Assim Gardner estabeleceu a existência de sete inteligências, são elas:

  1. Lógico-matemática;
  2. Linguística;
  3. Corporal-cinestésica; 
  4. Musical;
  5. Espacial-visual;
  6. Interpessoal;
  7. Intrapessoal.


Inteligência no contexto desportivo

Passando agora para uma perspectiva mais desportiva todas estas inteligências são importantes na resolução das vicissitudes iminentes dum treino/jogo, logo quanto melhor as tivemos desenvolvidas, dependendo da situação proporcionada, seremos capazes de responder com mais, ou menos eficácia aos desafios impostos pela prática desportiva. Mas têm todas as inteligências apresentadas por Howard Gardner possuem todos o mesmo estatuto de importância na prática desportiva? E em contexto desportivo de elite e de iniciação?

Inequivocamente, é imperativo considerar que no desporto, os seus praticantes carecem mais da inteligência corporal-cinestésica visto que desporto e movimento andam de "mãos dadas", pelo que podemos ter em consideração que esta inteligência assume um maior relevo em relação às restantes e que inteligências, como a lógico-matemática e a linguística assumem um papel menos significativo visto não apresentarem características vulgarmente observáveis em contexto desportivo.

Contudo, como é claro, não podemos esperar que os desportistas apresentem apenas a inteligência corporal-cinestésica desenvolvida, já que o desporto não se cinge apenas à maneira como aprendemos o movimento, mas como podemos aprender através do movimento, e o mesmo podemos aplicar ao desporto de elite que necessita de muitas mais habilidades além da técnica para otimizar ao máximo a performance desportiva. 

Por exemplo, nos desportos coletivos, os atletas não estão só dependentes das suas capacidades técnicas, mas das capacidades técnicas de todos os elementos da equipa e para um maior rendimento da equipa é necessário que estas se conjuguem todas, logo, capacidades como a comunicação, trabalho e cooperação de equipa necessitam de estar devidamente fomentadas nos desportistas, requisitando a inteligência interpessoal, em contexto de iniciação ao desporto esta pode ser conseguida através de dinâmicas de equipa de modo a promover um bom ambiente dentro do grupo de modo a estabelecer ligações fortes entre todos os elementos que colateralmente irá quebrar o gelo da socialização que alguns atletas possam ter, facilitando a comunicação posteriormente em momentos de jogo, também nos desportos coletivos em que não só a técnica mas também a tática assumem papeis essenciais ao sucesso desportivo, os atletas precisam de uma boa inteligência espacial-visual bem otimizada, isto permite que estes analisem o ambiente do jogo à sua volta de modo a criar estratégias criativas e inovadoras que permitam combater eficazmente a tática do adversário, esta situação pode ser trabalhada nas camadas jovens em que o treinador dá liberdade aos atletas colocando questões em contexto de treino que os permitam responder a situações de jogo diversas com criatividade de modo a perceber quais são as mais adequadas a certos momentos da partida. 

Passando agora aos desportos individuais, como nestes os atletas estão mais dependentes da sua capacidade física, estes devem aprimorar a inteligência intrapessoal, para que sejam aqueles que melhor conheçam o seu corpo e os seus limites, de modo a estabelecer objetivos e metas com base nas suas capacidades, esta habilidade pode ser treinada com a ajuda do seu treinador em que estes proporciona ao atleta momentos onde este explora os seus limites que o permita decifrar melhor a sua capacidade física, e também em desportos como a ginástica, em que a inteligência musical tem uma grande influência com o ritmo e musicalidade de uma apresentação de ginástica rítmica por exemplo, esta muitas vezes trabalhada bilateralmente com aulas de ballet que contribuem para a noção de ritmo das ginastas.

Concluindo, um atleta não é apenas um individuo dotado de uma grande capacidade de movimento, é um individuo "holístico" que através do desporto é capaz de se desenvolver em todos os espetros do desenvolvimento humano, como uma verdadeira orquestra, em que cada naipe de instrumentos corresponde a uma inteligência, em que o maestro, o desporto, que conjuga as qualidades de todos para que juntos formem uma linda harmonia, que é o desportista.


Análise dos resultados do teste da inteligência triárquica e múltipla dos diferentes elementos do grupo:

  • Gonçalo Araújo Amaral

Na análise ao resultado do teste da inteligência triárquica não denoto nenhum aspeto que não se enquadro na minha visão da minha própria pessoa, considero que reflete bastante até as minhas capacidades, já que me revejo com maior poderio analítico, visto sempre ter sido um entusiasta das ciências exatas, e também a menor apetência pela inteligência criativa, reconhecendo que apresento limitações no que toca a criar e a inventar algo quando necessário.

Escrutinando agora o teste das inteligências múltiplas, mais uma vez a inteligência proveniente do raciocínio mostra-se preponderante, estando corretamente enquadrada, e logo a seguir a musical, que também é espectável pelo facto de tocar e aprender música desde idades muito tenras, seguidamente a interpessoal visto que gosto de me relacionar e debater ideias com terceiros, empatadas no quarto lugar estão a intrapessoal e a corporal, também creio que corretamente, e por fim nos últimos dois lugares a espacial e a linguística, respetivamente, estando relacionadas com a parte criativa. Logo, de um ponto de vista autocritico, revejo-me nos resultados do teste das inteligências múltiplas.
  • Gonçalo Guedes Santos Silva

Relativamente ao teste que é assentado na inteligência triárquica fiquei com um misto de sensações pois considero que sou um pessoa bastante prática relativamente a todas as vicissitudes que eu possa enfrentar dado ser portador duma perspectiva pragmática na resolução de todas as circunstancias que me subsistem, estando por isso em conformidade com o resultado desta avaliação. Contudo, vejo-me mais num ponto de vista analítico em comparação à minha criatividade porque aprecio tirar algumas ilações numa visão mais numérica sobrepondo-se assim ao meu interesse em relação à inovação que possa surgir num dado acontecimento/evento.

Tendo agora em conta a apreciação das intelectualidades múltiplas vai em conta daquilo que referi anteriormente, uma personalidade mais virada para as matemáticas e a objetividade que traz consigo, onde a preponderância da lógica cria duma forma mais explícita a minha visão do mundo. No entanto, como desde tenra idade também vejo na vertente desportiva algo que está intrinsecamente ligada comigo concordo plenamente com os resultados apesar de considerar que esta se superioriza à logico matemática. Vendo agora na outra ponta dos resultados, estou em total acordo com a classificação da vertente linguística dado ser algo que não tenho tanta apetência, em contrapartida, na minha dimensão inter e intrapessoal esperava um resultado com uns «pontos» acima tendo em conta que não sou uma pessoa distante dos outros e que tenha um autoconhecimento pouco aprofundado e desenvolvido à cerca de mim.  

  • Gonçalo Freitas Nunes de Almeida

Na análise às estatísticas do meu resultado sobre o teste da inteligência triárquica não encontro nenhum constrangimento, pois na minha vida pessoal e profissional eu necessito destas duas inteligências, principalmente na minha vida profissional, pois um treinador precisa principalmente de analisar para depois poder colocar em prática, portanto este resultado está totalmente correto sobre a minha pessoa.

Agora em relação às inteligências múltiplas também vai em conta com a minha personalidade, uma personalidade mais virada para a inteligência corporal-cinestésica que engloba muito o exercício físico, como a coordenação, a velocidade, equilíbrio e a flexibilidade, que é o que eu mais gosto de fazer na minha vida pessoal e profissional, já a outra que se destaca é a inteligência interpessoal o que também quer dizer muito da minha pessoa, pois a inteligência interpessoal quer dizer que tenho uma capacidade para descobrir, entender e interpretar os desejos e intenções das outras pessoas, o que me permite ter interações sociais eficazes com outras pessoas, pois é isso que eu sou e que gosto de ser e preciso para a minha vida tanto pessoal e profissional.

  • Ricardo Araújo da Silva

Analisando os meus testes de inteligência posso referir o seguinte:

No teste da teoria triárquica, os indicadores estão de acordo com aquilo que eu penso sobre a minha inteligência. A inteligência analítica é a mais forte, examino as coisas com atenção, tento perceber como o que me rodeia me funciona, através da observação, sejam processos ou comportamentos. A inteligência prática não é tão forte, não parto muitas vezes para a ação, mas costumo conseguir executar as coisas bem. A inteligência criativa é a mais fraca.  Muitas vezes não tenho novas ideias, nem crio coisas novas.

Os indicadores também estão de acordo com aquilo que eu entendo sobre mim, no teste das inteligências múltiplas. A inteligência lógico-matemática é aquela que tem mais força. Consigo identificar com clareza padrões lógicos, sequências e tenho facilidade com números. A inteligência intrapessoal é a segunda com mais peso. Acho que consigo perceber bem os meus sentimentos e emoções. Conheço as minhas formas de agir e tento sempre perceber os meus processos mentais. A inteligência corporal-cinestésica e a interpessoal são as outras que têm mais peso. Tenho uma boa coordenação e capacidade física e consigo me relacionar bem com os outros, percebo comportamentos e ações.

Referências Bibliográficas:


Psicologia do Desenvolvimento - Faculdade de Desporto da Universidade do Porto
Gonçalo Araújo Amaral
Gonçalo Freitas Nunes de Almeida
Gonçalo Guedes Santos Silva
Ricardo Araújo da Silva 
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